Tem dias que tudo parece dar errado.
Tem dias que tudo parece dar errado. O despertador não toca, o café queima, o ônibus atrasa — e, como se não bastasse, a bendita dor de barriga aparece no meio de uma reunião importante. A vida, às vezes, parece uma pegadinha malcriada do destino. Mas será que é mesmo?
O ditado “dor de barriga não dá uma vez só” serve pra muito mais do que episódios intestinais. É um lembrete cômico e cruel de que os desafios vêm em série, sem aviso e sem dó. Mas também é uma oportunidade disfarçada. Porque se a dor volta, a chance de superá-la também.
As dificuldades da vida, assim como as dores físicas, testam nossa paciência, nossa coragem e nossa capacidade de rir de nós mesmos. Já percebeu como algumas das melhores histórias vêm justamente dos nossos piores dias? A dor — física ou emocional — é a professora mais direta que existe. Ensina resiliência, humildade e, principalmente, preparação.
Mas tem uma dor que a gente quase não fala: a dor da indiferença. Aquela que não atinge só quem sofre, mas também quem vê o outro sofrer e escolhe não estender a mão. Muitas vezes, o orgulho — esse veneno disfarçado de força — impede a gente de ajudar o próximo. Como se admitir que o outro precisa de ajuda fosse se rebaixar. Como se ajudar fosse perder algo de si.
E aí a gente vê um colega passando sufoco, alguém da família implorando por atenção, um estranho no metrô pedindo socorro... E segue em frente. Frio. Orgulhoso. Achando que “cada um que resolva sua vida”. Só que esse tipo de orgulho, cedo ou tarde, vira dor de barriga também. Volta. Pesa. Machuca. Porque no fundo, negar ajuda ao outro é negar humanidade a si mesmo.
Cada tropeço, cada contratempo, cada dor de barriga é um convite para revisar o caminho, ajustar a rota e seguir mais forte — mas também mais solidário. Porque não é só sobre vencer os próprios desafios. É sobre olhar pro lado e entender que todo mundo, cedo ou tarde, vai precisar de uma mão estendida.
Então, da próxima vez que a dor voltar, física ou metafórica, respire fundo, faça cara de quem entende o jogo da vida e diga com um sorriso maroto: “Já te conheço. Pode vir. Mas desta vez, eu é que vou dar a última gargalhada — e, se eu puder, levar alguém comigo.”
Porque no final, não é sobre quantas vezes a dor volta. É sobre quantas vezes a gente levanta — mesmo com o estômago revirado — e segue em frente... Sem deixar ninguém pra trás.
#JornalistaFabianoDiniz



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