Pesquisas recentes revelam um cenário de crescente insatisfação entre fiéis evangélicos no Brasil, motivada principalmente pelo envolvimento cada vez maior das igrejas com pautas políticas.
Esse fenômeno, antes considerado uma forma de mobilização social, tem agora provocado afastamento, críticas internas e até abandono de fiéis, especialmente entre os mais jovens.
De acordo com Ana Carolina Evangelista, pesquisadora do Instituto de Estudos da Religião (ISER), o avanço da politização dentro dos templos contribui diretamente para o esfriamento da relação dos fiéis com as lideranças. A igreja, que antes era vista como um espaço de acolhimento espiritual e fortalecimento da fé, vem sendo percebida como palco de disputas ideológicas.
O Censo 2022 mostra que o crescimento dos evangélicos no país desacelerou pela primeira vez em décadas. Para estudiosos, além de fatores demográficos e sociais, o excesso de política nas pregações e no cotidiano religioso pode estar impactando negativamente esse avanço.
Jovens entrevistados em diversas regiões demonstram desconforto com discursos polarizados nos púlpitos. Muitos se dizem frustrados com a instrumentalização da fé em favor de determinados candidatos ou partidos. Como resultado, parte deles tem buscado comunidades alternativas ou optado por vivenciar a espiritualidade de forma mais pessoal e menos institucional.
Esse movimento interno aponta para uma transformação importante: a fé continua relevante, mas há um chamado claro por uma vivência religiosa mais neutra, centrada na espiritualidade e nos valores cristãos essenciais, em vez de engajamentos político-partidários.
Nenhum comentário:
Postar um comentário